TUDO BEM! (TUDO BEM MESMO?)

Na nossa vida pessoal temos o costume cultural de sempre responder “Tudo bem” para aquela pergunta diária “Olá tudo bem?”. É claro que não queremos abrir nossas vidas pessoais para todo mundo, mas esta prática é tão comum que se torna negativa em alguns momentos, especialmente quando levamos a mesma cultura para o ambiente profissional.

Ainda é comum os gerentes de projetos serem pressionados no dia-a-dia dos projetos e responderem “tudo bem”, “tudo indo”, “tudo tranquilo”, e frequentemente isso não é verdade e pode causar problemas assim que a verdade for revelada ou até que o “tudo bem” não se sustente mais.

Algumas vezes isso ocorre porque o GP é inseguro e tem receio de dizer que tem problemas acreditando que será prejudicado, julgado e pressionado ainda mais no projeto, outras vezes o GP é seguro excessivamente e acredita que pode resolver tudo sozinho e não divide o problema com ninguém. Em ambos os casos este comportamento é um sinal de imaturidade.

A imaturidade aparece porque o GP precisa ter o bom senso de saber quando filtrar ou lapidar uma questão para que possa orientar a sua resolução, e quando precisa expor e não filtrar nada para que possa ser ajudado da forma mais direta e expressiva possível.

O fato é que esconder, nunca ajuda, e mentir, pior ainda.

Hoje os indicadores de resultados são muito utilizados e muitos já estão abandonando os relatórios de status reportpara usar apenas indicadores de resultado como métricas e acompanhamento de projetos.

Junto com os indicadores vieram os semáforos verdesamarelos vermelhos, e junto com estes veio de carona a cobrança por resultados positivos e a “necessidade” de apresentar sempre indicadores positivos, que são conhecidos também como indicadores “verdes“.

A alta gestão, direção ou conselho de uma empresa fica esperando uma apresentação cheia de indicadores verdes para se tranquilizar e acreditar que tudo está bem nos projetos da organização. Com isso, alguns GPs ou Gerentes de PMO montam apresentações com indicadores que sempre apresentam a cor verde, independente da situação real das realizações dos projetos, e ai os problemas começam.

Quando a gente pega justamente os números que ficam verdes e mostramos estes números, nós estamos mascarando situações reais e principalmente escondendo embaixo do tapete problemas que poderiam ser resolvidos, se fossem conhecidos por todos.

O acompanhamento por indicadores serve justamente para indicar (como o próprio nome diz) como está realmente a saúde de tarefas, projetos, profissionais, portfólios, programas, PMOs, áreas e também organizações, com o propósito de fornecer informações para tomadas de decisão e ações para curar os problemas o mais breve possível.

Ao criamos indicadores que sempre estarão verdes ou manipulamos os dados para que estes sempre sejam indicados como verdes, não há nenhuma função neste acompanhamento, e pior, nenhuma ação será tomada e nenhuma decisão poderá ajudar a solucionar a questão ou resolver o problema.

Seja usando indicadores, relatórios de situação, apresentações PPT, sistemas de controle, conversas informais ou reuniões é preciso dizer o que precisa ser dito, e buscar uma solução para os problemas existentes, caso contrário não está havendo gerenciamento de projetos.

Uma característica e uma postura que todos os gerente de projetos devem ter é a honestidade, acompanhada pela ética profissional. É claro que é preciso ter bom senso para avaliar cada um dos casos, expor apenas as informações corretas para as pessoas corretas, e não se transformar em um terrorista ou em um pessimista, e também não se transformar em um Pinóquio.

Lembre-se sempre de que a medida certa em todas as decisões é o ideal. O excesso e a precipitação é sempre ruim, e o adiamento e a postergação exagerada ou sem motivo também.