CADÊ O GERENTE? EP. 1 – ELEVADOR NA CATEDRAL

Este é o primeiro capítulo da série de posts que vou entitular de “Cadê o gerente“. O objetivo será mostrar exemplos de diversos tipos de falhas ocorridas em projetos reais. Espero que gostem, e que principalmente provoque discussões e reflexões sobre o que é gerenciamento de projetos, e especialmente qual é o papel do gerente de projetos.

Durante as últimas reformas da Catedral de Florianópolis, foi construído um acesso de cadeirantes. Quando pensamos nestes acessos especiais e exclusivos, pensamos logo em caminhos para facilitarmelhorar e permitir o acesso a locais antes inacessíveis ou de difícil acesso.

Bom, parece que o objetivo inicial do projeto de instalação de um elevador de cadeirantes, para acesso à Catedral de Florianópolis era este, porém ao vermos a foto abaixo, tirada esta semana após a conclusão da obra, podemos ver que o projeto não foi muito bem sucedido.

Foto: ClickRBS – Clique aqui para ver a matéria

Cadê o gerente deste projeto? Podemos ver em apenas uma foto, um poste na frente da rampa de acesso, e uma dúvida que me veio rapidamente a cabeça: “Para que a rampa se instalaram um elevador?”.

Facilmente podemos identificar algumas falhas de planejamento, como por exemplo:

  • Se havia um poste ali, porque não foi feito o acesso em outro local?
  • Se o melhor local para o acesso era este e foi acordado a retirada do poste, o que houve que o poste ainda continua ali?
  • A rampa não é muito inclinada para um acesso de cadeirante? Um idoso cadeirante conseguiria subir esta rampa sozinho? Ou a rampa foi feita apenas para cadeirantes acompanhados por alguém os empurrando?
  • Ao descer a rampa não há risco de descer muito rápido ee bater no poste ou sair para a rua que está bem próxima?

Poderíamos ficar um bom tempo listando falhas evidentes, e até outras não tão evidentes, mas eu gostaria de encerrar com algumas ações que poderiam ter sido executadasdurante o planejamento e execução do projeto, mitigando ou até evitando estas falhas.

  1. Identifique todos os interessados, e converse com eles, levante as possíveis dificuldades do projeto e valide algumas opções com estas partes. Tente pensar como o usuário final do produto, se não conseguir, peça opinião ao usuário final.
  2. Identifique, gerencie e tome ações para mitigar os riscos do seu projeto. Antecipe possíveis riscos, não conte com a sorte ou com o controle de terceiros, controle você.
  3. Gerencie os custos do seu projeto, e pense também nos custos do produto. Será que foi economia fazer aquela rampa? E os benefícios futuros do produto, e a rejeição da população, e o marketing negativo, e a possibilidade de futuros acidentes? Tudo isso deve ser considerado no custo, não só do projeto, mas do ciclo de vida do produto como resultado do projeto.

É isso pessoal, espero que tenham gostado deste primeiro espisódio da séria “Cadê o gerente?”. E eu termino perguntando: “Será que este projeto tinha um gerente definido?”, e até mesmo “Será que todos os projetos deveriam ter a figura de um gerente?”.